Pancreatectomia total por neoplasia do pâncreas: uma opção curativa com consequências a longo prazo
Autores
Miguel Fróis Borges, Filipe Castro Borges, Miguel Vasques, Ana Alagoa João, Lúcia Carvalho, José Filipe Cunha, Elsa Francisco, Vera Oliveira, Marta David Sousa, Christoph Berchtold, Arianeb Mehrabi, Gil Gonçalves, Markus W Büchler
Resumo Introdução
Uma percentagem importante de doentes com neoplasia do pâncreas necessita de ser submetida a pancreatectomia total (PT) para fins curativos. No entanto, a PT está associada a riscos elevados. Um estudo nacional alemão com 11.000 doentes reportou mortalidade intra-hospitalar de 22% para PT. Adicionalmente, a PT induz diabetes tipo 3c, assim como distúrbios graves da digestão e disfunção do intestino delgado decorrentes da sua radicalidade. O nosso estudo teve como objectivo identificar fatores de risco para desnutrição pós-operatória a longo prazo.
Resumo Métodos
Estudo prospectivo unicêntrico de resultados pós-operatórios e peso a 90 dias e um ano de doentes submetidos a PT, duodenopancreatectomia cefálica (DPC) e pancreatectomia distal (PD).
Resumo Resultados
Das 499 cirurgias pancreáticas realizadas na nossa instituição de 2020 a 2024, foram realizadas 47 PT. A idade média foi 66,8 anos, 24 doentes (51,1%) do sexo masculino. A 90 dias, 16 doentes (34%) tiveram complicações (Clavien-Dindo - 3a), e 2 doentes (4,3%) faleceram. Comparando PT com DPC e PD, a média de perda ponderal foi 13,9% (vs. 8,9% e 7,5%, p = 0,001) e 14,8% (vs. 10,5% e 6,3%, p < 0,001) a 3 meses e 1 ano. Resseção adicional de órgão, reconstrução vascular e neoadjuvância foram associados a perda de peso significativa em PT.
Resumo Discussão
A PT é uma operação complexa necessária para muitos doentes alcançarem uma potencial cura. A PT está associada a uma significativa perda de peso (13,9%) aos 3 meses, que regride parcialmente após um ano.